quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A "odisseia" do Teatro Nacional São João para 2011

O Teatro Nacional São João anunciou a programação para os primeiros meses de 2011. O teatro europeu assume lugar de destaque.
Nuno Carinhas, director artístico do Teatro Nacional São João (TNSJ), trouxe, esta terça-feira, luzes à continuação da temporada que se iniciou em Setembro. Entre algumas produções já anunciadaspara o início do ano, algumas novidades: O TNSJ inaugura a parceria com Serralves com a iniciativa "Mariana Silva no TNSJ", integrada na exposição "Às Artes, Cidadãos!", onde a intersecção entre a arte e a intervenção política são mostradas através das peças da autora Mariana Silva, realizadas em 1983.
Permanece a incógnita quanto à fusão do Teatro
Francisca Carneiro Fernandes, do Conselho de Administração do TNSJ, e Nuno Carinha, director artístico do Teatro, responderam também a questões sobre o projecto de fusão do TNSJ, juntamente com o TNDM II, no OPART. A presidente do conselho de administração explicou que as negociações ainda estão em curso, não havendo ainda timings definidos. Nuno Carinha explicou que estão também a ser consideradas alternativas à fusão. A integração do TNSJ no organismo tem sido alvo de contestação da população portuense.
Entre Janeiro e Maio, o TNSJ acolhe o projecto Odisseia, iniciativa conjunta do Teatro Nacional São João, do Centro Cultural Vila Flor, do Theatro Circo de Braga e do Teatro de Vila Real, com a colaboração da União dos Teatros da Europa. Este projecto não é, diz Nuno Carinhas, "um festival", porque "não é só uma proposta de apresentação de espectáculos estrangeiros" e também devido à sua "importante componente de formação".
Nesse sentido, e no fim de Janeiro, o Mosteiro de São Bento da Vitória alberga "Odisseia: O Colóquio", sob a coordenação de José Luís Ferreira, um espaço de reflexão sobre temas como "Criação artística, diversidade cultural e cidadania", numa espécie de viagem ao estilo de Ulisses, onde diversas personalidades que representam o teatro que se faz na Europa. O colóquio é seguido por "Odisseia: Oficina de Escrita", orientado por Jean-Pierre Sarrazac, da Universidade Sorbonne Nouvelle, com o apoio de Alexandra Moreira da Silva.
Ainda em Fevereiro, o TNSJ recebe o coreógrafo Rui Horta, com "As lágrimas de Saladino", nos dias 5 e 6, e "Talk Show", entre 11 e 13 (no Teatro Carlos Alberto, ou TeCA). Em Fevereiro, o TeCA acolhe ainda "Bela Adormecida", de Tiago Rodrigues, e "Snapshots", de Carlos J. Pessoa.
Casa da Música celebra o Dia Mundial do Teatro
"Odisseia: Dia Mundial do Teatro" é celebrado entre Março e Abril em quatro espaços: o TNSJ, o TeCA, o estúdio Zero e a Casa da Música. Esta última junta-se à festa do Dia Mundial do Teatro e, retribuindo a participação do TNSJ no Dia Mundial da Música, acolhe "A Febre" no dia 27 de Março, com encenação de Marcos Barbosa e interpretação de João Reis.
O projecto Odisseia continua com "Odisseia: Portos", um programa intercultural na Praça da Batalha, seguido por "Odisseia: (A)Mostra", que traz ao TNSJ, Teatro Helena Sá e Costa, MSBV e TeCA as obras "Exactamente Antunes", "A Morte do Dia de Hoje", "A Morte do Palhaço" e "Local Geographic", respectivamente.
Entre 5 e 22 de Maio, o TNSJ abre as portas à última parte da viagem, "Odisseia: Mundos", que Nuno Carinhas explicou ainda não ter toda a programação definida. A programação do TNSJ até agora anunciada termina com a colaboração com o FITEI, entre 28 de Maio e 5 de Junho.

A Missão do TNSJ

O TNSJ é uma Entidade Pública Empresarial que, no âmbito da sua missão de serviço público, tem como principais objectivos a criação e apresentação de espectáculos de teatro, dos vários géneros, segundo padrões de excelência artística e técnica, e a promoção do contacto regular dos públicos com as obras referenciais, clássicas e contemporâneas, do repertório dramático nacional e universal.
Considerando o teatro como arte por excelência da corporização e transmissão da palavra, o TNSJ tem como eixo programático a defesa da língua portuguesa e da dramaturgia em língua portuguesa, na sua norma e na sua polimorfia, incluindo as suas variantes dialectais. Esta prioridade atravessa os programas de formação de intérpretes, a direcção de actores e a exigência na qualidade dos textos, de escrita original ou em tradução.
Com o objectivo de captar e formar novos públicos, o TNSJ abre-se à comunidade, esforçando-se por compatibilizar a procura de uma especial vocação para a comunicabilidade dos seus espectáculos, um espírito de renovação e contemporaneidade das linguagens cénicas e o desígnio de elevar os padrões de exigência crítica dos públicos.
Membro da União dos Teatros da Europa e organizador do festival PoNTI – Porto. Natal. Teatro. Internacional., o TNSJ visa ainda a internacionalização das actividades teatrais e o estabelecimento de uma relação de parceria exigente com o universo teatral europeu. Desenvolve projectos que envolvem colaboração estrangeira, intercâmbios de produções com entidades congéneres de outros países e a organização ou participação em festivais internacionais.
No âmbito da sua actividade, o TNSJ promove projectos teatrais em co-produção com outros organismos de produção artística, incluindo aqueles que privilegiam a itinerância na rede nacional de cine-teatros e contribuem para a descentralização cultural. Acolhe também na sua programação espectáculos produzidos por outras estruturas e companhias que se integrem nos objectivos do seu projecto artístico e permitam o desenvolvimento de novos valores e estéticas teatrais.
A actividade do TNSJ tem ainda como horizonte a progressiva qualificação de todos os elementos artísticos e quadros técnicos envolvidos na sua actividade, bem como o reforço da nobilitação dos ofícios do espectáculo e dos modos de produção e comunicação teatrais. Adquire, neste quadro, especial significado o trabalho formativo realizado com um elenco quase residente e o esforço de maturação do discurso da representação, gerando na Casa uma espécie de academia informal que é hoje referência em Portugal.
Para além do Teatro Nacional São João, edifício-sede, integram esta estrutura o Teatro Carlos Alberto e o Mosteiro de São Bento da Vitória.

Seja Amigo do TNSJ

Ser amigo do TNSJ é simples, gratuito e permite­‑lhe usufruir de benefícios na aquisição de bilhetes para as diversas iniciativas.

O Cartão Amigo TNSJ permite aos espectadores habituais do TNSJ e do TeCA uma série de vantagens, nomeadamente benefícios na aquisição de bilhetes para as diversas actividades, informação privilegiada sobre os espectáculos e convites para ensaios abertos e outras actividades paralelas.
A ficha de inscrição pode ser requisitada directamente nas bilheteiras (TNSJ e TeCA) ou junto do departamento de Relações Públicas, através do telefone 22 340 19 56 ou do endereço electrónico rp@tnsj.pt.
Características do Cartão Amigo TNSJ
* Gratuito. Obtém­‑se na aquisição de um bilhete para u espectáculo TNSJ;
* Válido por um ano, a partir da data de atribuição, com renovação anual automática;
* Pessoal e intransmissível.

Benefícios
* desconto de 50% na compra de dois bilhetes, para um espectáculo à sua escolha, após a compra de quatro bilhetes (atribuição do benefício no prazo de um ano a contar da data de aquisição do primeiro bilhete);
* Recepção em casa da programação do teatro – anual, semestral ou trimestral;
* Recepção de informação regular sobre a actividade do TNSJ;
* Convites para ensaios abertos
* Convites para actividades paralelas: conversas com os criadores, visitas guiadas aos bastidores;
* Recepção em casa de bilhetes reservados pela Internet ou telefone, pagos por cheque, desde que solicitados com uma semana de antecedência;
* Levantamento dos bilhetes reservados até uma hora antes do início do espectáculo, em posto de atendimento próprio, nas bilheteiras do TNSJ;
* Desconto de 5% na compra dos produtos TNSJ à venda na Loja do Teatro.

Porto: abraço ao Teatro Nacional São João


2010-11-24
Isabel Peixoto

Profissionais das artes, públicos e até funcionários do Teatro Nacional de São João, no Porto, são esperados hoje no "abraço ao teatro". A iniciativa está marcada para as 13 horas e pretende, entre outras coisas, ser um protesto contra a perda de autonomia da estrutura.
Ainda que sejam muitos os considerandos e que se diga, em jeito de lema, que a iniciativa é por todo o teatro e por uma ideia de cidadania, a verdade é que o abraço significa, acima de tudo, um protesto contra a intenção do Governo de incluir o Teatro Nacional de São João (TNSJ) no Organismo de Produção Artística (OPART), em Lisboa. Os manifestantes vão dar as mãos e circundar o emblemático edifício reconstruído pelo arquitecto José Marques da Silva.
            Até de Lisboa se espera que chegue gente para a iniciativa "Um abraço pelo teatro",que tem sido largamente difundida pela Internet. É o caso, por exemplo, de João Reis, um dos artistas mais convidados para as produções da sala portuense.
"É um teatro que merece todos os abraços do Mundo", começou por dizer ao JN. Considerando como "má" a pretensão do Governo, o actor disse ainda que se trata de um teatro que, "a nível nacional, se tem projectado de forma ímpar", além de "acolher muitas companhias que, de outra forma, não teriam oportunidade de apresentar o seu trabalho".
"Se estiver livre, estarei lá com certeza", disse-nos, por seu turno, o  actor Albano Jerónimo. Na sua opinião, a inclusão do TNSJ no OPART vai levar a uma "descaracterização artística"."Existe um "modus operandi" de cada estrutura que se vai perder, que se vai esfumar", acrescentou. Também Fernando Mora Ramos confirmou ao JN a sua presença no abraço. O encenador e director do Teatro da Rainha considera a medida, prevista no Orçamento do Estado, como "uma coisa burra, que  não se consegue entender nem sequer na lógica do corte".
            Funcionário do TNSJ, José Luís Ferreira é um dos vários porta-vozes da iniciativa de hoje, que nasceu, segundo disse ao JN, por acção de profissionais das artes e de grupos de cidadãos, visando chamar a atenção para o "desinvestimento na cultura" e, em particular, para a situação do TNSJ. Apontando para a "necessidade de diálogo", José Luís Ferreira acrescentou ser "difícil falar de autonomia artística quando não há autonomia de gestão".
            Somam-se as críticas, apesar das garantias oficiais. A ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas,voltou a dizer, ontem, que colocar os teatros nacionais sob a alçada do OPART é a "única forma" de conseguir mais verbas para a programação.